Hormônio do amor pode tratar timidez

Hormônio do amor pode tratar timidez

Paula Rothman, de INFO Online
Sexta-feira, 24 de setembro de 2010 - 14h47

Inalar oxitocina poderia ajudar nas habilidades socias


SÃO PAULO – Aquelas horas encostado no canto da balada ou sentado no sofá da festa jogando no celular podem estar com os dias contados.


A falta de habilidades sociais poderia ser tratada com uma simples “fungada”– e não estamos falando de nenhuma substância ilegal, imoral ou engordativa.
Leia também:
Criada folha de árvore magnética e condutora (21/09/2010)
Médico acompanha diabetes via internet (19/08/2010)
Cientistas buscam o segredo da vodka (02/06/2010)


É que pesquisadores nos Estados Unidos descobriram que a oxitocina, naturalmente presente no corpo e frequentemente chamada de “hormônio do amor”, melhora a capacidade de pessoas com dificuldades nas chamadas “competências sociais”.


Curiosamente, o hormônio teria efeito somente nessas pessoas, já que não melhoraria a habilidade social de quem já se sai bem lidando com o público em geral.


A descoberta é de um grupo de pesquisadores da Escola de Medicina Mount Sinai e da Universidade de Columbia, ambas em Nova York, liderados pela Dra Jennifer Bartz.


O estudo, publicado na Psychological Science, pretendia determinar se a oxitocina poderia fazer uma pessoa entender melhor o seu semelhante. Para isso, a equipe conduziu um teste com 27 homens adultos e saudáveis.


O teste era aleatório, cego e teve um grupo controle que recebeu placebo – uma substância inócua que visa apenas medir possíveis efeitos psicológicos que o voluntário tem ao achar que está tomando um medicamento.


A primeira etapa foi realizar uma avaliação de competência social com uma ferramenta chamada Autism Spectrum Quotient (AQ), que é normalmente usada em pacientes com autismo mas também pode medir a chamada performance social cognitiva das pessoas.


Metade do grupo recebeu então oxitocina via nasal; a outra metade teve apenas o placebo administrada.


Os participantes realizaram uma prova de empatia, na qual tinham que assistir a vídeos de pessoas discutindo eventos emocionais de sua vida e deveriam dizer como achavam que as pessoas estavam se sentindo. As pessoas que haviam sido bem colocadas na avaliação de “precisão empática” (AQ) foram igualmente bem na tarefa independente de terem inalado oxitocia ou placebo. Ou seja, no grupo que já possuía habilidades sociais elevadas, o hormônio não surtiu efeito.


No entanto, aqueles menos socialmente habilidosos na avaliação foram muito bem na tarefa quando sob efeito da oxitocina. Sua precisão empática foi idêntica à das pessoas do outro grupo. Em contrapartida, aqueles que apenas utilizaram o placebo se saíram muito mal.


Para os pesquisadores, os resultados precisam ainda de mais análises, mas podem indicar um possível tratamento para pessoas que sofrem de problemas ligados a déficit de funções sociais, como autismo

Código:

http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/hormonio-do-amor-pode-tratar-timidez-24092010-27.shl