Parte do meu TCC (monografia): Blogs como modelo de negócios

1.1 Blogs e blogosfera

O termo weblog foi cunhado no dia 17 de dezembro de 1997 por Jorn Barger, juntando as palavras web e log, que em inglês significam literalmente rede e registro. Foi também Jorn Barger o primeiro a desenvolver um sistema onde as pessoas poderiam relatar tudo o que achassem de interessante na internet, sendo aquele sistema, de modelo precário mesmo para a época, um precursor dos mecanismos de blogs modernos.
A forma curta de denominação usada hoje, blog, foi criada por Peter Merholz que, por brincadeira, quebrou a palavra weblog para formar a frase “we blog” (nós “blogamos”) e colocar na barra lateral de seu blog, Peterme.com, em 1999. Pouco tempo depois, Evan Williams usou o termo “blog” como verbo (ex: blogar, que significa “editar um weblog ou publicar um artigo em um weblog”). Pouco tempo depois o termo “blogger” também foi popularizado, junto com o produto Blogger desenvolvido no Pyra Labs.
Foi ainda em 1999 que os blogs começaram a virar febre, quando muitos utilizadores passaram a usá-los para tratar de assuntos diversos ou até mesmo para publicar “diários virtuais”. A ferramenta Blogger da PyraLabs permitia que qualquer usuário tivesse um blog, sem necessariamente possuir conhecimentos técnicos em Informática. O Blogger funcionava como um mecanismo de blogs, permitindo ao usuário publicar artigos em formatos de post usando um editor visual WYSIWYG (What You See Is What You Get – O que você vê é o que você tem), capaz de transformar textos fomatados em um editor visual em HTML. O Blogger, considerado a ferramenta responsável pela popularização dos blogs, foi adquirido pelo Google em fevereiro de 2003 e até hoje é usado como mecanismo de publicação do Blogspot, um serviço de blogs gratuito fornecido pela gigante de buscas.
Ainda no começo do ano 2000, o Blogger mudou a estrutura dos posts publicados em seus blogs, transformando-os em páginas web individuais. Essa inovação na estrutura recebeu o nome de “permalink”, já que cada post recebeu um link permanente, o que também permitiu a inclusão de um sistema de comentários, fazendo com que cada post tivesse um espaço próprio para comentários, aumentando a interação dos leitores com o blogueiro. Esse tipo de interação criou no blogueiro a necessidade de se tornar uma espécie de escritor da web, obrigando-o a mudar para uma escrita mais formal e a investir na qualidade do conteúdo e de suas pesquisas, já que, com os comentários, também apareceram as críticas.
Em 2003 surgiu o Wordpress, um mecanismo de publicação baseado no extinto b2/cafelog e como seu antecessor foi criado usando PHP e MySQL. Hoje o Wordpress é o mecanismo de publicação de blogs mais usado no mundo, segundo o Royal Pingdom (2010). A versão 3.0, lançada em agosto de 2010, foi baixada mais de 12,5 milhões de vezes. Essa mesma versão marcou a fusão do Wordpress com o Wordpress MU (versão multi-usuário), permitindo a criação de um número ilimitado de blogs em uma única instalação do Wordpress. Seu crescimento cada vez mais acentuado se deve à sua flexibilidade e facilidade de uso, além de sua licença livre (GNU General Public License). O Wordpress permite o uso de plugins que possibilitam estender ou adicionar novas funcionalidades aos seus blogs. Um exemplo notável é o plugin Buddypress, capaz de adicionar características de redes sociais em um blog Wordpress, inclusive permitindo o uso de grupos e fóruns ao unificar um blog Wordpress com fóruns B2B, deixando os grupos e fóruns com características parecidas com comunidades da rede social Orkut.
Em 2004 o mundo dos blogs viu o surgimento de uma nova e importante ferramenta, o feed, que permitia ao blog disponibilizar seu contéudo em um formato que pode ser lido por ferramentas externas, conhecidas como “leitores de feed”. Essas ferramentas permitem ao usuário adicionar feeds de vários blogs para sempre receber os artigos mais novos sem precisar abrir os blogs no navegador. Essa novidade permitiu que ao usuário sempre se manter atualizado, além de ter como ponto positivo a economia de tempo, já que não era mais necessário lembrar endereços e esperar o blog carregar apenas para checar se tem novos artigos.
Os blogs cresceram de forma espontosa e se tornaram um dos sistemas mais usados da internet.

• 1999: menos de 50
  2001: milhares
  2003: 3 milhões
  2008: mais de 50 milhões
  2009: 126 milhões

No Brasil, entre 1999 e 2003, a maioria dos blogs eram usados apenas como diários virtuais, o que, de certa forma, contribuiu para dar um mal sentido ao termo blog durante alguns anos. Enquanto os blogs já eram visto com seriedade e como potenciais mídias de divulgação publicitária em outros países, no Brasil ainda eram vistos como uma espécie de “brinquedo de adolescente”.
De alguns anos para cá empresas passaram a investir na criação de blogs ou na publicidade em blogs de terceiros para a criação de marketing viral, um tipo de marketing cuja característica é o uso das redes sociais para aumentar a exposição e divulgação da marca. A ideia é fazer uma campanha publicitária atraente o suficiente para que o próprio usuário divulgue a marca para o maior número de pessoas possíveis. Além das campanhas de publicidade viral, as empresas também já vinham investindo em tipos menores de publicidade, como anúncios por clique ou visualizações e posts pagos. Também é comum o modelo de vendas por sistemas de afiliados, onde o blogueiro disponibiliza os produtos da empresa em seu site e ganha comissões sobre os produtos vendidos.
Graças ao investimento publicitário das empresas, blogueiros passaram a perceber o potencial modelo econômico de seus blogs, o que levou muitos a trabalhar na monetização do conteúdo, transformando seus blogs em blogs profissionais. Hoje já é grande o número de pessoas que criam blogs visando apenas a monetização do conteúdo.
Apesar da publicidade em blogs no Brasil ter crescido de maneira significante, ainda está muito longe de alcançar os números dos blogs escritos em inglês. Segundo Cilene Bonfim (2007), o público brasileiro não gosta de anúncios, não faz doações, não divulga artigos e links de terceiros e interage pouco em comparação ao público estrangeiro, o que também influencia negativamente sobre a opinião das empresas sobre a capacidade dos blogs como mídia. Com o tempo espera-se que este problema de cunho cultural vá se relevando.

Apesar da publicidade em blogs no Brasil ter crescido de maneira significante, ainda está muito longe de alcançar os números dos blogs escritos em inglês. Segundo Cilene Bonfim (2007), o público brasileiro não gosta de anúncios, não faz doações, não divulga artigos e links de terceiros e interage pouco em comparação ao público estrangeiro, o que também influencia negativamente sobre a opinião das empresas sobre a capacidade dos blogs como mídia. Com o tempo espera-se que este problema de cunho cultural vá se relevando.